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Colonização bacteriana nas suturas

Como impedir a colonização bacteriana nas suturas

O processo cicatricial da ferida cirúrgica pode ser comprometido pela colonização bacteriana dos fios de sutura. Principalmente no meio bucal, a adesão de biofilme é uma ocorrência comum e bem documentada principalmente nos fios de sutura multifilamentados (Fig.1). No entanto, também ocorre nos fios monofilamentados, especialmente nos nós (Fig. 2). 

A colonização bacteriana dos materiais de sutura são fatores de risco para a cicatrização da ferida cirúrgica e para o próprio paciente, pois os fios propiciam a adesão do biofilme, podendo levar às infecções do sítio cirúrgico. Após a aderência do biofilme, os fios de sutura permitem a migração bacteriana para o interior dos tecidos pelo efeito de capilaridade ou efeito pavio e também por criarem uma solução de continuidade dos tecidos, abrindo uma via de acesso direta para o interior do organismo.

Considerando todas as áreas cirúrgicas, 77% dos óbitos estão diretamente ligados à ISC- infecção do sítio cirúrgico, representando, aproximadamente, 31% das infecções nosocomiais. Apesar das suturas não serem a causa principal destas infecções pós-operatórias, elas contribuem nesta estatística. Por isso, as técnicas de sutura, a aderência microbiana aos fios e os materiais empregados, têm sido objeto de estudo e discussão, há muitos anos.

Na boca estão reunidos, marcantemente, os fatores etiológicos determinantes do biofilme, facilitando e acelerando muito a sua formação, quer sejam: bactérias, humidade e superfícies colonizáveis, principalmente abióticas.

A microbiota oral é uma das organizações microbianas mais complexas do corpo humano, composta por aproximadamente 700 espécies bacterianas e, em menor proporção, fungos, vírus, micoplasmas e protozoários, que podem introduzir condições desfavoráveis no processo cicatricial de qualquer pós-operatório, sendo um dos caminhos, a colonização dos fios de sutura.

Suturas revestidas com antimicrobianos

A formação de biofilme nas suturas cirúrgicas é considerada uma das causas de ISC- infecção do sítio cirúrgico, que pode levar a morbimortalidade pós-operatória, deiscência, perda do procedimento etc. Os biofilmes aderidos aos fios atuam como reservatórios bacterianos e ajudam as bactérias no desenvolvimento de resistência a antibióticos.

Investigações nesta área têm buscado maneiras de evitar a colonização dos fios de sutura, especialmente pelo uso de um revestimento antibacteriano, e o desenvolvimento de suturas com tais características, tem causado impacto significativo na prevenção de infecções pós-operatórias.  

A história do desenvolvimento moderno da sutura cirúrgica antimicrobiana não é muito longa. As primeiras tentativas de revestimento antimicrobiano nos fios de sutura, possivelmente foram feitas na década de 1960, quando Fowler em 1965, recomendou que todos os materiais de sutura fossem mergulhados em uma solução de clorexidina, para a redução das infecções da ferida operatória.

De lá para cá, suturas revestidas com agentes antibacterianos têm sido desenvolvidas desde o início de 1980, mas foi somente em 2002 que a primeira sutura antimicrobiana, poliglactina, trançada 910, revestida com triclosan, foi aprovada para uso comercial.

Ação do Proheal nos fios de sutura

Estudos clínicos randomizados (RCT) demonstraram a eficácia do Proheal no controle do biofilme em fios de sutura de seda multifilamentados. Os resultados apontaram uma diferença estatística do crescimento de unidades formadoras de colônia (UFC) acima de três logaritmos (p = 0,002), em relação ao grupo controle, após 15 dias do fio presente na cavidade bucal (Cruz et al., 2013) (Fig. 3). É importante frisar que o produto foi testado in vivo, nas mesmas condições dos pós-operatórios, isto é, submetidos à ação dos alimentos, escovação, variação de pH, temperatura etc., e a sua eficácia na inibição do biofilme, permaneceu por 15 dias, tempo máximo testado. 

Casos clínicos com testes tipo split-mouth demonstraram também resultados positivos no controle da colonização e na resposta tecidual, no lado experimental, i.e., com a sutura recebendo o produto (Fig. 4).

Conclusões

O controle microbiano da superfície dos fios de sutura é importante nas condições pós-operatórias das cirurgias gerais e especialmente na cavidade oral, onde a formação de biofilme é facilitada pelas condições locais. O uso do Proheal aplicado ao fio, reduz drasticamente a formação do biofilme levando a pós-operatórios mais seguros. É uma medida eficaz, simples e de baixo custo.

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